quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Um unicórnio em seu jardim

Numa bela manhã, um homem que tomava seu café olhou para fora da janela e viu - quem dera! - um unicórnio branco, com um chifre dourado, mascando tranqüilamente as rosas de seu jardim. 
Esse senhor foi então acordar sua mulher e disse: "Tem um unicórnio no jardim, comendo nossas rosas". Irritada, ela retrucou: "Unicórnio é um animal mítico". E, virando-se para o outro lado, voltou a dormir. Intrigado, o marido caminhou lentamente até o jardim. O unicórnio estava ali, beliscando suas tulipas. "Aqui, unicórnio", chamou ele, oferecendo um lírio, que o animal comeu solenemente.
Com o coração saltitante - obviamente, porque afinal de contas havia um unicórnio em seu jardim -, o camarada foi novamente despertar sua mulher. "O unicórnio comeu um lírio", anunciou ele. Só que agora ela ficou realmente irritada. "Você é um demente, e eu vou te internar no manicômio!" O marido, que nunca apreciou muito a idéia de manicômios - especialmente num dia tão lindo, com um unicórnio em seu jardim -, refletiu por um momento e disse: "Isso é o que veremos". Mas antes de descer as escadas, completou: "E ele tem um chifre dourado no meio da testa".
Ao chegar novamente ao jardim, o unicórnio já havia ido embora. O homem se sentou em meio às rosas e adormeceu. Sua mulher se vestiu rapidamente. Ela estava bastante irritada e regozijava-se por ter a chance de pegar seu ridículo marido. Ligou para a polícia e depois para o psiquiatra, instruindo-os para que chegassem logo com uma camisa-de-força. Quando chegaram, ela, já muito agitada, foi logo dizendo: "Meu marido viu um unicórnio hoje de manhã!".O policial e o psiquiatra se entreolharam, descrentes. "Ele me disse que o unicórnio havia comido um lírio", continuou ela. De novo, psiquiatra e policial trocaram um olhar suspeitoso. "E também disse que o bicho tinha um chifre dourado no meio da testa!", insistiu mais uma vez. Subitamente, o policial e o psiquiatra levantaram de suas poltronas e agarraram-na. Ela resistiu violentamente, mas no final eles conseguiram dominá-la e enfiaram-na numa camisa-de-força. Foi nesse momento que o marido entrou, chegando do jardim. "Você por acaso disse a sua mulher que viu um unicórnio?", perguntou-lhe ceticamente o policial. "O unicórnio é um animal mítico", respondeu seriamente o marido. "Isso era tudo o que precisávamos saber", replicou o psiquiatra. "Estamos internando sua mulher, ela surtou de vez." Chutando e berrando, ela foi levada ao manicômio para exames. E que fim teve o marido? 
Viveu feliz para sempre.


A fantasia não é um escapismo.
Como poderemos sobreviver sem fantasia num mundo cada vez mais desprovido de magia e acolhimento? 
Espero que, quando você acorde amanhã e olhe pela janela, veja um unicórnio em seu jardim. E eu espero ver um também.

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